Deslizes ao redor da piscina são mais comuns do que se imagina e podem resultar em ferimentos leves, como arranhões, até graves, como traumatismo craniano
O verão é sinônimo de diversão ao ar livre e as piscinas tornam-se o destino favorito para se refrescar do calor e socializar. Mas esse ambiente de lazer pode apresentar riscos significativos, especialmente relacionados a quedas. Deslizes ao redor da piscina são mais comuns do que se imagina e podem resultar em ferimentos leves e até graves.
Segundo o neurocirurgião Dr. Ivan Hattanda, que atua em Londrina, entre os principais riscos de quedas em piscinas estão: superfícies escorregadias, desníveis e escadas, correria e brincadeiras em volta da piscina, que aumentam o risco de quedas inesperadas, e a falta de atenção com o uso de dispositivos móveis, como celulares e tablets, ingestão de bebidas alcoólicas ou outras distrações.
“As quedas ao redor de piscinas podem causar desde arranhões superficiais até ferimentos mais graves. Entre os mais frequentes estão cortes e escoriações, causados por impacto no chão ou em superfícies ásperas, e entorses e fraturas, resultantes de torções ou impacto direto em ossos e articulações”, cita o médico, lembrando, principalmente, dos acidentes decorrentes do mergulho em águas rasas, seja em piscinas, praias, cachoeiras, rios, lagos e lagoas.
“A consequência de um mergulho em água rasa pode ser muito grave, como paralisia de pernas e braços (paraplegia ou tetraplegia) devido a fraturas ou luxações na coluna vertebral e até problemas no estado de consciência, como um estado vegetativo por conta de um traumatismo craniano. Em alguns casos, pacientes evoluem a óbito em decorrência desse tipo de acidente.”
Mergulho em água rasa pode provocar traumatismo craniano grave
Dr. Ivan reforça que mergulhos mal calculados ou quedas com impacto significativo podem provocar traumatismo craniano ou lesões na coluna, que podem resultar em sequelas neurológicas permanentes, as quais mudam completamente a vida da pessoa.
“O traumatismo craniano ocorre quando há uma lesão na cabeça, causada por impactos, quedas ou acidentes. Já no trauma raquimedular, a lesão ocorre na medula. Embora a maioria das lesões sejam leves, outras podem ter consequências graves, exigindo intervenção imediata”, reforça o neurocirurgião.
Ele explica que é necessário observar a vítima e ficar atento aos seguintes sinais que podem indicar um quadro grave:
- Perda de consciência, mesmo que breve.
- Confusão mental ou desorientação.
- Náuseas ou vômitos persistentes.
- Dores de cabeça intensas.
- Sangramento ou secreção de líquido claro pelo nariz ou ouvidos.
- Dificuldade para movimentar membros ou falar.
- Alterações na visão (embaçamento ou visão dupla).
- Convulsões.
- Formigamento e/ou fraqueza no braço ou na perna
- Dor persistente na coluna vertebral (pescoço, lombar)
“No momento da queda evite movimentá-la, especialmente se suspeitar de lesão na coluna cervical. Isso previne agravamento de lesões”, ensina o Dr. Ivan.
“A prevenção de acidentes é a melhor escolha que podemos fazer para aproveitar os momentos de lazer com segurança. Depois que ocorre o acidente, toda a cascata de atendimento é acionada, desde o atendimento pré-hospitalar com o SAMU, por exemplo, até o atendimento intra-hospitalar.”
“É realizado de tudo para reverter ou não agravar mais a situação. Em todos os casos, sem exceção, familiares e pacientes, quando podem, se lamentam que poderiam ter tido mais cuidado e ter prevenido aquela situação”, completa o neurocirurgião.
Quando procurar o médico em caso de quedas
Ele recomenda buscar atendimento médico hospitalar imediatamente se a pessoa apresentar:
- Perda de consciência, mesmo por poucos segundos.
- Dor de cabeça persistente ou aumento da intensidade da dor.
- Confusão, tontura ou dificuldade para se comunicar.
- Hematomas ao redor dos olhos ou atrás das orelhas (sinais de fratura na base do crânio).
- Formigamento e/ou fraqueza no braço ou na perna
- Dor persistente na coluna vertebral (pescoço, lombar)
“No hospital, o médico pode solicitar exames, como tomografia computadorizada, para avaliar hemorragias ou fraturas, e o tratamento pode incluir medicação para dor e inchaço, como anti-inflamatórios ou analgésicos e monitoramento em ambiente hospitalar em alguns casos. Já em situações mais graves, a cirurgia deve ser realizada em caráter de urgência se houver necessidade de drenar hematomas, descomprimir estruturas nervosas ou tratar fraturas.
A prevenção do acidente é a melhor ferramenta. Perceba o risco e evite-o.